Romance das Nove Estrelas

Carlos Omar Villela Gomes
                

São nove estrelas que eu vejo deste meu apartamento... Nove estrelas que se mostram nas funduras do que penso; São estrelas de saudade, de alma e de sentimento, Me trazendo um céu de sonhos, bem maior que o próprio tempo. Nove estrelas de lonjuras, retovadas de infinito... Que amaduram seus silêncios, guardando a força dos gritos; Nove estrelas de coragem, que cumprem o seu papel, Mostrando o belo da viagem na paz perene do céu. São nove estrelas que eu sinto do alto da minha sacada, Pintando seus labirintos na minha alma estrelada; São estrelas e são poros, vertendo ar e lonjuras, Estrelando os horizontes no ventre da vida escura. As bisavós, tive a honra, de conviver, de amar... Marcaram a eternidade, pra sempre têm seu lugar; São lições, ensinamentos, são gosto de paz e mel... São dentro da escuridão, mais quatro estrelas no céu! As avós suprem tormentos que a gente vive criança... Entregam balas e doces, nossa noção de esperança; As avós sempre nos cuidam, amainam o pior tropel... Mais duas estrelas santas... Também nos cuidam do céu! A mãe, que nos deu a vida, é uma estrela, estrela mor.... O bálsamo pras feridas, soneto dito de cor; É uma verdade escondida, florida de sangue e suor... A mãe é alma estrelada, que verte sempre maior! Um dia a sina nos chama de uma forma verdadeira... Nos ama, nos acolhera, nos clama pra vida inteira; Seguimos de alma liberta, confiantes, no corredor, Quando a estrela mais linda nos apresenta o amor! Estrelas que nos acolhem, que fazem da vida um hino, São brilhos que se arrebanham, entre razão e destino; Estrelas que revigoram o que sentimos por ser... Estrelas que nos renovam bem antes do amanhecer. Não falo de outras estrelas... das nossas tataravós, Fundamentais e perenes na estrada de todos nós; Só falo de nove estrelas, que nos protegem de perto, Com seu amor de candura e olhos de campo aberto. São galáxias repletas de entrega e devoção, Mas que cabem todas juntas no espaço de um coração; São galáxias imensas, de essências atemporais, Que se resumem inteiras em nove estrelas de paz! Até então são oito estrelas, nas lonjuras mal domadas, Escrevendo rumos certos, frente às linhas mal traçadas; Estrelas que inundam, plenas, o nada, o lugar nenhum... Dos nove brilhos amados, ao certo falta só um. A filha, que é nosso fruto, é a estrela mais radiante! Redesenha os horizontes, traz doçura no semblante; São as histórias mais lindas e como é lindo revê-las... Todas vivem no meu céu... No meu céu de nove estrelas!