O silêncio soluça No fundo do poço... Enquanto as roldanas Cantam aos ventos! Minh’alma também Esconde o que sente E, sorrindo, me mente, Mas chora por dentro. O balde que desce Ao fundo do poço Repete o caminho Que antes já fiz... Eu ia feliz Transbordando carinho E voltava sozinho Coração vazio. Caíram estrelas No fundo do poço, Que a noite, por gosto, Ali derramou... Meu balde voltou Cheio de saudade E gole a gole A vida o bebeu. A alma da gente E o fundo poço Guardam mistérios E afogam segredos... Da concha das mãos Fugiu-me a ternura Tal qual água pura Por entre meus dedos. No espelho d’água Do fundo do poço As rugas no rosto Rabiscam meu fim... Feito os escombros De um poço de balde Meus sonhos de moço Ruíram em mim. Calou-se o alegre Cantar das roldanas Que matava a sede Nos velhos quintais... Há tempos que peço Um abraço... um beijo! Mas meu poço dos desejos Já não me atende mais.