Pátio de Rancho

Matheus Costa
                

Cruza um ventito matreiro, que não quis perder o entono... Ou sequer ser prisioneiro do céu aberto – seu dono – ...ficou mais perto do chão, varrendo ciscos d’um pátio nas manhãs do meu rincão. É a genuína geografia cercando alguma morada, alma grande em forma esguia por ‘alambres’ demarcada; ...com aromas de floreira e o cheiro das invernadas distantes (mas tão lindeiras)! Colo gentil para a infância formar tropilhas de osso, servindo de infinda estância para abrigar sonhos moços; ...co’a sombra dos arvoredos, que deu constante guarida para os sóis dos meus segredos! No seu mapa existencial: rastros de cascos e esporas, marcando neste sinal os rumos ao campo afora dos que saem do galpão e repisam este pátio, proseando com a solidão. Restos de largas demoras nos assovios dos caseiros... Silêncios que se ignora, mas são úteis companheiros; Compostos com a essência dos sensíveis improvisos destes fundos de querência. Cantam barreiros por perto... ...e estrivos, pelas distâncias; Logo, o pátio é um palco aberto ao recital das estâncias. Com plateia nos outonos feita das folhas caídas da copa dos cinamomos. Ramada antiga, sogueiro, ovelheiro em sono leve... ...presentes no paradeiro que cada pátio descreve; ...Tanta coisa pela volta e sestas que deixam traços com cascas de ‘vergamotas’. Passada em portão miúdo - curtido de idas e vindas - que traz visitas e um ‘tudo’ daquilo que jamais finda; E o tempo - nos seus caminhos - ronda o pátio... e só envelhece dali pra fora, sozinho. Pátio de rancho... um posteiro dessas imagens impressas nas retinas dos campeiros... ...e eternizadas sem pressa sob as horas que transcorrem nas vezes de sóis caindo em tardes calmas que morrem. E, nas noites araganas, respingos de algum luar matam a sede mundana deste crioulo lugar; Geada, sereno, garoa... ...banhando o passo da vida ligeira e, por ‘vez’, à toa. Nesgas de pelo e de crina... ...tiras de tento e de pano; Partes comuns para a sina d’um pátio, no além dos anos. Velos de lã, sem primor, sacados e que escaparam das bolsas do esquilador! Cruza um ventito matreiro e no “más” se vai adiante, mas desperta o pátio inteiro... ...depois é brisa distante... ...Quem por ele vai embora nota um coração que o rancho guardou do lado de fora!