Andarengas

Matheus Costa
                

São as horas dos caminhos para os passos cruzadores... Para o tempo dos sozinhos vaqueanos desses rigores... Acolhidos pelo ninho sensível dos corredores. Horas de adeus, de chegada, de ficar e ser presença... Rezar terços nas moradas sem altar, porém com crença essencial pr’alma cansada curtida de desavenças. São os segredos do escuro, descobertos tão ligeiro pelos clarões mais maduros paridos pelos luzeiros vindos de corações puros e entregues ao mundo inteiro. Segredos de alguma espera, do ‘ser’ que habita o carnal... Dos olhos de uma tapera com a solidão habitual... ...saudosa pelas quimeras de uma vida sem final. São as nuvens das lonjuras desenhando um céu parelho... Ternas e antigas figuras que as sangas fazem espelho e as canhadas e funduras parecem tocar, de joelhos. Nuvens, por ‘vez’, temporonas com os traços do infinito... Que o horizonte coleciona tal fosse um eterno rito que confunde e emociona a mirada dos solitos. São as marcas no rincão pelos cascos rumbeadores, registrando sobre o chão gravuras com seus primores fundamentais – por que não? – aos mais crioulos leitores. Marcas de trotes e trancos em léguas de andar além, preenchendo o espaço em branco deste papel que há também exposto em formato franco na poeira que a terra tem. São as canções passageiras compostas pela linguagem das gargantas companheiras nas mais cargosas viagens... ...E assovios de tarde inteira que o silêncio dá passagem. Canções de rimas genuínas, conhecidas das estradas... Idioma que não termina mesmo depois da jornada... Valioso para a doutrina de quem ouve a voz do nada. São as lembranças tamanhas e perpétuas à memória, que a vida já não estranha por serem reais – notórias – ...Nostalgia que acompanha pra contar a mesma história!... Lembranças dos extravios deixados ou esquecidos em lugares que o vazio tão pouco foi percebido e, assim, se adonou do brio do que agora está perdido. São as mesquinhas vaidades e as aparências banais, desafiando a humildade - rancho amigo dos iguais – e cedendo pras vontades que guardam tristes finais. Aparências e vaidades inservíveis neste plano... Contrárias para a bondade que adorna o sentido humano e conduz junto a verdade nossos passos, sem engano. São as curtas euforias que não devem pesar mais do que a paz, a calmaria e os motivos primordiais... Pois, é com ‘mil alegrias’ que um exílio dá sinais. Euforias e prazeres que não cabem na mobília... Por isso, quando escreveres não te afastes da vigília formada com a luz dos seres e o âmago da família. Andarengas todas partes que completam o destino dessa concedida arte da qual somos peregrinos e que sempre nos reparte vida, alma e vasto ensino. Andarenga a pele nua que nos veste e dá feição... Matéria não perpetua nem protege o coração... Infinda a existência tua talhada na imperfeição!