Vem gente! Pra que será? - É esporão, minha filha! Me traz um carretel de linha E um retalho de tecido, Pelo andar do seu Quintino Só a novena para curar! E eu saía atrás dos jujos, Dos atados, dos preparos Que a vó mandava juntar, Para aplicar benzedura Que sempre oferecia a cura A quem viesse buscar. “Nervo rendido, osso ofendido, Veia lacerada…” Ela benzia com cruzadas E costura espiritual. Três rezas de sexta-feira Viradas para a porteira Completando o ritual. “Cobreiro grande, sapo brabo! Corto a cabeça e corto o rabo.” Com um copo de água, Antes do pôr do sol, Arruda, mel com bicarbonato E uma pitada de sal. Encalho pesado, Coluna estragada, Caxumba recolhida E qualquer mal que apareça, Eu corto o rabo e a cabeça, Que não cresça e nem permaneça! Completando o ritual. Asma e bronquite, Gripe e sinusite E problema da goela, Salmoura quentinha E travesseiro de macela Resolvem de vez. A cinza do borralho, Cuspindo três vezes Dizendo o que quer, A cruz sobre as cinzas E o “Gracias, vozinha, Pela cura outra vez!” Arruda e funcho Levam para longe qualquer maldição, Quebranto e mal olhado, Maçanilha em atado E chaleira no chão. É a reza que nasce Da fé e da crença, Do amor e da bênção Dados com o coração. Assim eram as tardes Quando a vó benzia O povo que vinha pedir oração. O sinal da cruz, pedindo a bênção E as lindas palavras que ela dizia… Tinham sempre o mesmo responso Do sinal traçado com as suas mãos macias… Que o bem permaneça e o mal desapareça! Em nome de Deus! Do Espírito Santo! E da Virgem Maria