“Gerações vêm e gerações vão, mas a terra permanece para sempre. O sol se levanta e o sol se põe, e depressa volta ao lugar de onde se levanta. O vento sopra para o sul e vira para o norte; Dá voltas e mais voltas, seguindo sempre o seu curso.”* Sim, curso da Terra que abriga imagens além das retinas... Quando a aurora extraindo a ferrugem do tempo Me encontra aqui... Azinhavrada de saudades E forjada para manter viva a história de monumentos. Ao sul da rosa dos ventos, uma cantiga... Acalanta e transpõe as frinchas deste lugar. Retratadas em prosas, lendas e versos... Habitam, por essas sesmarias, frondosas residências, Que na moldura do espaço a memória viva de cada cômodo Revela da família a autenticidade e a marca da existência. .................................................................. Com este entono, casa velha... Acolheste qualquer retirante no teu jeito simples, Na estrutura da edificação e aprisionando o universo... És símbolo de ciclos como os quartos de lua. Tua voz igual à matéria das paredes resistindo ao tempo É alma da estirpe que formou a querência chirua. Tuas irmãs em rústicas tábuas como gêmeas de um galpão, De pau-a-pique ou na colônia ao estilo enxaimel. Mas nem por isso te olvidaram... És a expressão viva da história, Geografia e costumes que ditam... Para que permaneça viva sua memória. Casa velha, conhece bem as histórias... Estas que vão além dos livros, cenário de chegadas e partidas. Com fogão campeiro, as panelas de barro alimentaram Escravos, empregados ou viajantes que assistiram Rodas de mate e assados cheios de vida e gauchismo. Por estes e outros tantos motivos é que tenho certeza: - O ser humano está errado sobre o conceito de sobreviver! Pois, assim como tu, outras casas povoadas em verdades Permanecem com o legado vivo dos avós, Com marcas profundas da sua terra e sua gente, És a cultura e o patrimônio que temos entre nós! Afinal, estamos aqui! E se cá chegamos...e se aqui seguiremos... Devemos aqueles que fizeram de ti Ser lume do fogo-eterno que ainda arde... Essência da verdadeira tradição. .................................................................. No girar dos séculos... Sou relicário fixo no - Portal de dois mundos - . O fim de tarde emponcha imagens além das retinas... As que na ferrugem do tempo Mostram quem fui e o que somos: - Guardiões de estâncias e casas... Alma de quem um dia bateu asas. Sim! Me encontro aqui – uma aldrava –** Azinhavrada de saudades e forjada Para manter viva a história de monumentos. Sou guardiã provinciana de uma velha tapera Resistindo ao tresloucado e ácido tempo... E ouço na sinfonia dos ventos a voz das casas velhas! * Eclesiastes 1:4-6 **Aldrava ou Aldraba: peça móvel de metal, em forma de argola, mão, brasão da família etc., que se prende às portas e serve para bater, chamando a atenção de quem se encontra do lado de dentro; batedor; 2- pequena tranca metálica para fechar a porta, com dispositivo por fora para abrir e fechar; ferrolho