Em quatro pontos cardeais, onde o sul se enraíza na terra... ...o norte aponta pro céu, tal um braço que se estende pra tocar as mãos de Deus. A trave na horizontal - na estaca da pregação -, implora um voo sem asas por estar cravada ao chão. ...o silêncio guarda a saudade num misticismo terreno de amplitude adversa ao que chamamos de paz. Adornada por macegas e espinhos de caraguatás, as lembranças “campejanas” memorizam em seu abraço a própria dor da partida… ...é nesta dor dolorida, que se findou uma vida que o tempo deixou pra trás. Bem no passo da restinga onde tropas cruzam mansas pelo arreador dos ponteiros, e que amansam o passo dos pingos ao passarem na sua fronte... ...acreditam que seu entalhe feito de um resto de cerca e que a intempérie do tempo abriu-lhe vergas profundas... ...abriga as almas fecundas que se “incrinam” nos ventos. O mesmo abraço que abraça um filho no nascimento, vinga no mesmo resojo o próprio desprendimento, quando trocamos de plano e quando enxergamos os enganos de perene refazimento. Não pendoa grãos, nem frutos... ...de galhos secos e frios. Enternece nas iniciais a fonte de tantos caudais das águas de um mesmo rio... ...em cicatrizes que o mundo tornam eternos segundos memórias de quem partiu. Foi arrastada ao pecado sem que o pecado a ferisse. Foi erguida e replantada tendo na carne pregada a inocência injustiçada, da compaixão que persiste... ...em réquiens de condolência que timbra a voz da querência nos rosários de um canto triste. Já fora sombra e pousada brotando na sua doçura pastagens de seiva pura para o rumino do gado… ...também abrigou andejos nas cruzadas chimarronas, na guapa essência copada, onde o sal adocicava o suor de xergões e caronas. Quando árvore, foi morada pro sonho dos passarinhos, que ali teciam seus ninhos no ciclo das emplumadas. Depois no alambre lindeiro, deu alicerce fronteiro demarcando em seus esteios os limites das canhadas pelas grotas dos potreiros. Mas, no calvário, à compreendo, o peso de seu mistério... ...nas leviandades ocultas de previstas negações: ..."não O conheço"... ..."nunca O vi antes"... ..." não sigo Seu mandamento"... Então o galo anunciava profetizando a escritura de profano sofrimento nas três negações de Pedro. Quem se criou “campo fora” arrasta na faina bruta o jugo duro da luta nos tentos fortes do basto. Carreteando dia por dia resignos e nostalgias que o laço leva de arrasto. O que plantamos... ...o que colhemos. E o que nos sobra em final... São cicatrizes perenes nas chagas da própria carne deste ciclo material. Te redesenho em minha face quando deito, e quando levanto... ...também quando - a cavalo - me "embodoco" num ventena saciando a sede torena pelos fundões destes campos. Quando aperto o barbicacho, para firmar o chapéu... ...sei dos limites que tenho entre os estrivos e o céu. Cruzo em cruz minha cruzada, arrastando na invernada uma silhueta de luz... Carrego sobre as espáduas a divindade emanada que me toca a empreitada até plantarem minha cruz. Cada cruz traz o seu peso... Cada cruz guarda o seu jeito... Assim compreendo em verdade que do batismo à unção planto a cruz no coração na terra fértil do peito.