Sete centelhas sonoras, medida velha de lei, forjou respeitada grei na florescência de outrora, que o poeta, ave canora, expressa o que a alma sente. Não pode ser diferente quando o verso é renascido e o menestrel compelido a viver dentro da mente. Redondilhas em esgrima, menores por conveniência, Camões na sua excelência cultuou a décima em rima. A metáfora se anima galopar na estrada antiga, sabor de vento e cantiga, nas consoantes da Espinela, nobre, campeira e singela para que a história prossiga. De La Barca, magistral, que andejou na mesma estância, concedeu preponderância no contexto universal. Multiface transversal, navegou dois oceanos e aqui nos mares pampianos se fez cativa e liberta. Tornou-se um grito de alerta dos vates americanos. Clássica forma Espinela, egéria de Andaluzia, deu ao cantor primazia, repente em forma tão bela que ao oponente flagela buscar rima, um ofício, do pajador, o munício, que lhe deu novos alentos. Fez história ao sul dos ventos. Poesia é puro artifício. Depois de ausente na Europa, ganhou força de condores, se espraiou nos corredores, onde o Minuano galopa. Memória de ronda e tropa, cantou do índio suas dores, de todos, sonhos e amores, acriolou-se na pampa, aquarela em rude estampa, sinuelo dos cruzadores. Toda América conhece esse cantar primitivo, que ressurgiu redivivo, na poesia que enobrece. O improviso e a prece nas cores do continente, sangas da mesma vertente, no anseio identitário, legítimo e libertário entoar da nossa gente. Lope de Vega deu nome, por ser discípulo fiel, em honra a Dom Espinel, eterniza um sobrenome. O tempo não o consome, pois o canto de aporfia, ausente a caligrafia, é salmo de lança nua de um povo em palavra crua, construindo a biografia.