Sextinas de Noite Adentro

Moisés Silveira de Menezes
                

Estendeu-se o olhar pela lonjura, um pouco mais além do horizonte, onde moram a distância e a saudade. Para onde voa sempre o pensamento, nas noites de vazio e soledade, envolto em brisas, cerração e véus. Das lembranças se desvendam véus, a mente se demora na lonjura, imagens vão povoando a soledade. A vida esculpiu-se no horizonte, cristalino aflora o pensamento, estendido vai o laço da saudade. Sem fim, é o estrago da saudade, esconde-se o passado sob véus. Flete fugidio, o pensamento, galopa sem rumo na lonjura. No ermo taciturno a soledade, olhar breve na linha do horizonte. Linha fugaz, contudo, o horizonte, infinito o rebojo da saudade, esquiva e deserta a soledade, ilusória perpassa tantos véus, volúveis as brumas da lonjura no mistério se enfurna o pensamento. Campo largo, sutil o pensamento, inconstante na risca do horizonte. Vagueia o olhar pela lonjura, inventário dos haveres da saudade. Um a um sucedâneos tantos véus, mantilhas sobre o céu da soledade, Madrigueiro onde vive a soledade, distância que transpassa o pensamento, panorama encoberto por seus véus. A andar, nos ensina o horizonte, eterna companheira, a saudade, memórias enclaustradas na lonjura. A lua na lonjura do horizonte, escondeu-se entre saudade e pensamento, nos confins da soledade com seus véus. Calmaria repontando a madrugada, dança leve, delicada silhueta. Lindos loiros pela brisa em desalinho, cachoeira de prata sobre a quincha. Enterneço em pensar na moça linda, encastela o pensamento em poesia. O que sobra da saudade, poesia, traz no bojo claros sons da madrugada. Sem partir foi embora a noite linda, bailarina, leve, grácil silhueta. Um véu de luz clareia a quincha, alinhados, fios de lua em desalinho. Pensamento primoroso desalinho, o que fica da ausência, poesia. Palavras tamborilam pela quincha, metamorfose à canção da madrugada. Pelas grimpas do arvoredo, silhueta, tão elegante, harmoniosa e linda. Plenilúnio, lua inteira e linda, acalma o pensamento em desalinho. Encantamento no olhar da silhueta a moça transformou-se em poesia. Ao partir no clarão da madrugada, uma névoa de silêncio sobre a quincha. A luz que desce em raios rente à quincha, ornamenta de cristais a noite linda, fios de prata cascateando a madrugada. A musa, remembrança em desalinho, transfigura o seu entorno em poesia. São palavras que compõe a silhueta. Na distância a moça agora é silhueta, olhos ternos debruçados sobre a quincha, o rancho em plenitude é poesia. Saudade é memória quase linda, recuerdos em completo desalinho. Quem partiu perfumou a madrugada. Feminina madrugada em silhueta, luar em desalinho pela quincha, moça linda transmutou-se em poesia.