Sempre a ti, Arte Bendita

Joaquim Velho
                

Sou grato a ti, Arte Bendita, Linguagem universal Pra o humano és natural, Não tens credo nem idade Cada tribo, a identidade Firmada na própria história Retrata a sua memória Numa verdade infinita, Pois só tu, Arte Bendita, Dás sentido à trajetória! Sou grato a ti, Arte Bendita, Expressão de minhas verdades; Tu me dás dignidade Levando adiante o que penso. Tens o meu apreço imenso E aquele que em ti acredita Refloresce, ressuscita, Se expressando em meio às cores, Ou gravando as próprias dores De suas lembranças aflitas. Sou grato a ti, Arte Bendita, Senhora dos meus segredos... Tua voz se mostra nos dedos Repletos de inspiração. Desnudas o coração Em cada palavra escrita... Da alma insana e proscrita, Vertente pura da arte... Intransponível baluarte Na criação manuscrita. Sou grato a ti, Arte Bendita, Linha tênue da razão... Voz ativa da emoção, Sublime veste de luz. Caminho que me conduz Quando em ti me acho liberto; Arrojo do céu aberto Em contraponto à coerência... Arte é paz da consciência, Daquilo que julgo certo! Sou grato a ti, Arte Bendita, De tantas formas, jorrada! Podes até ser tocada, Mas teu corpo é imaterial. Só cabe ao emocional Num arroubo de solista, Buscar as razões do artista Ao expor seu coração... Cada um, com sua paixão, Encontra um ponto de vista. Sou grato a ti, Arte Bendita, Fonte divina do bem Remanso da alma de alguém Que em ti busca guarida. Se as incertezas da vida Assombram os pensamentos, Teu canto é paz e alento... Consolo de quem padece; Suprema forma de prece... Liberdade e sentimentos! Sou grato a ti, Arte Bendita, Desde a tua pura raiz Teu intento é fazer feliz Desde o mais rico ao mais pobre, E assim, cada um descobre, Que pra todos o sol brilha... Do alto, sua luz compartilha E a arte assim o imita, Se tornando mais bendita Quanto mais fé nos partilha. É por isso que te bendigo, Expressão de meus amores; Expressão de minhas dores, Dos sonhos itinerantes. Metamorfose constante Da aquarela infinita... Do sentimento que habita O mais profundo do ser. Não canso de agradecer Sempre a ti, Arte Bendita!