Em que silêncio perdi a palavra que eu tinha, desde o dia que te vi e sonhei que eras só minha? Em que beijo tão sonhado deixei meus lábios aflitos, a sufocarem, calados, o mais alado dos gritos? Em que laços de desejos prendi minh’alma e a tua, a sussurrarem segredos que eram só meus e da lua? Em que verso mal escrito não toquei os teus sentidos e depois me fiz solito com meus poemas doídos? Em que acorde dissonante meu violão trastejou, desde o primeiro instante que o teu olhar me encantou? Em que balcão de bolicho minha visão me traiu e vi teu rosto bonito dentro do copo vazio? Em que poesia rimada eu me achei e me perdi, na folha branca amassada que mil vezes repeti? Em que gaveta o tempo silenciou minha coragem e chaveou meu sentimento com duas voltas de saudade? Quem cura esta tristeza desta dor que não se aquieta, na penumbra, sobre a mesa, do meu instinto poeta? A solidão não me cabe neste calvário tão triste, só meu coração que sabe a palavra que eu não disse!!!