Um homem vai pela estrada; um outro dorme na mira... De seu, há apenas o nada, pois isso ninguém lhe tira! Um tiro fura o silêncio, um homem cai do cavalo... O outro prova a incerteza que nunca irá abandoná-lo! Um calafrio, uma angústia feita de culpa e aridez; talvez normais para o homem que mata a primeira vez! Ninguém estava por perto, só a terra por testemunha e a pólvora arrinconada embaixo de suas unhas... Mas algo havia mudado e, embora a ausência de provas, dali por diante seria um morto fora da cova! O ódio havia invadido a sua alma tapera; e quem empresta a morada a ele, não recupera! Depois que usa o sujeito e sai da porta pra fora, tudo o que havia de bueno, o ódio carrega embora! Malgrado alguma suspeita, livrou-se inteiro, afinal... Mas, para alguns, a consciência é o seu maior tribunal! E, assim, no fundo dos campos, foi andejar por aí; liberto da lei dos homens, mas prisioneiro de si! Pudesse voltar no tempo, jamais faria outra vez... Por mais que ele merecesse, não justifica o que fez! Quem age durante a ira, se perde em meio à cegueira e, num segundo impensado, estraga uma vida inteira! Avaliou entregar-se, mas viu seu mundo pequeno; Pois, livre ou preso, perdera tudo o que havia de bueno! Então soltou-se no mundo, tentando ver se apagava a marca que, em sua alma, cada vez mais aumentava... O rosto do desafeto vivia em seus devaneios... Em sonho, pelas picadas, quando atacava um rodeio! A bala ia e voltava, havia sangue nas mãos... Ninguém aguenta um remorso batendo no coração! Enquanto cevava o mate, quando encilhava o seu flete, a cena se repetia, e hoje só não se repete porque numa tarde morna, dessas que o pampa suspira, acharam ele enforcado num galho de guajuvira.. No rosto, a morte estampada cobrando o preço da ira... De seu, há apenas o nada, pois isso ninguém lhe tira!